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quarta-feira, dezembro 31, 2003

LAST CALL

Viena-Praga-Budapeste

Tanta vontade...

" (...)
e não posso encontrar mais que o
teu sorriso discreto o
círculo do teu olhar e
em duelo comigo próprio
não posso encontrar mais
que a nave perdida o jardim
das palavras que te tentam
do silêncio da manhã do
dia em que não posso
encontrar mais que as
nossas vozes entrançadas
porque não posso encontrar
mais não posso encontrar
mais

não quero"

(JOSÉ LUÍS PEIXOTO)

terça-feira, dezembro 30, 2003

Para quem tem a Ira como pecado de afeição sou demasiado gentil. Tenho de mudar algo... Caso contrário ardo do avesso.

domingo, dezembro 28, 2003

Okis… Tenho dois clips na mão: um preto, outro amarelo. Brinco com eles. Escorregam-me nos dedos.
Encaixam-se.
Desencaixam-se.
Prendem-se.
Prendem-me os olhos. Um amarelo, outro preto. Não é que a cor seja importante. Mas não tenho mais que olhar. Fixei-as nos dedos.
Encaixam-se.
Desencaixam-se.
Prendem-se.
Não tenho que dizer. Não vou fazer perguntas. É suposto dizer alguma coisa? Pronto, errei já…

sexta-feira, dezembro 26, 2003

em pvt com manhoso

Fala-se sobre a verdade ser simples ou composta. Sobre o significado das palavras e da ausência delas. Sobre o tempo de dizer tudo. Sobre o tempo e a densidade do tudo... ou nada. Sobre o que não é verdade mas apenas contornos dela.

manhoso says:
"Na verdade e na mentira nao há significados diferentes"

Não há?
"Como es la verdad? Blanca o roja?" (Luís Bizarro Borges)

O que seria do Natal sem a meia-noite para rasgar embrulhos?
Quero muitas meias noites.
E noites inteiras para falar sobre quanto me/te/nos/vos falta receber.
"Com um brilhozinho nos olhos".

quarta-feira, dezembro 24, 2003

Estas palavras trazem umbigo. Por isso é complicado redimir-me.
Sem rede.
Se eu pudesse choraria como tu, como se fosse a primeira vez. Pele contra pele. Sumo sem açúcar.
Se eu desaprendesse os provérbios: o "remediado está", o "não vale a pena chorar sobre leite derramado"... se eu pudesse riscar os livros de propósito, partir os copos sem querer querendo... depois chorar. Sem consolo, com colo a repor em cena o verão que faz dentro, da raiva.
Sem rede mas com um espelho a ajudar nas didascálias não há perdão. Enceno. E deixo a roupa corar nos olhos abertos, de tão abertos.
Dás-me a mão? (ele é um daqueles seres sem altura para ver o que está dentro das gavetas... por isso a deixou cair.)
Quero que o meu umbigo volte a ser igual ao teu. Sem palavras.

segunda-feira, dezembro 22, 2003

Na falta de neve há avelãs. Embrulhadas em chocolate de leite. Chocolate de leite, chocolate preto, chocolate branco, chocolate com café, chocolate com nata. Chocolate aos quadrados. Muitos quadrados. Avelã no meio.
"Hoje sinto-me mal, deixei os miúdos da catequese sem os chocolates!"
"Comeste-os?"
"Achas?50 pacotes d chocolate?"
Hoje sinto-me capaz de tudo...

sexta-feira, dezembro 19, 2003

"Quando eu te amar,
deita-me colírios nos olhos
e evita as luzes fortes,
só até eu me curar."

Não resisti, ana. Às vezes as melhores palavras "saem-nos" escritas por outros.

quinta-feira, dezembro 18, 2003

Eu não quero saber que foste ver "O regresso do rei", eu não quero saber que o Aragorn é o rei Elessar, eu não quero saber que o anel é destruído, eu não quero saber que o mundo se salva no final, eu não quero saber que os bons hobbits sobrevivem, bem como outras criaturas cheias de coração. Eu não quero saber o FIM.
Quero esperar e ver o que acontece... Posso?

Uma caixa azul e branca "com micro grânulos" esquecida no chão azulejo da casa de banho. A roupa interior também.
Roupa vincada em todas as dobras no quarto.
Papéis revirados nas diagonais dos móveis. Papéis mexidos com livros mexidos com notas mexidas com lápis mexidos com cadernos e fotos... e copos de vidro insuflados na luz, mexidos com açúcar.
A cama a fazer-se.
"Estás a olhar-me assim, porquê?" (É o pai que passa a porta.)
O silêncio do costume, com a Diana Krall ao fundo.
"Não, não vou morrer... Amanhã já estou melhor..."
Estive doente, porque não comi laranjas.

sexta-feira, dezembro 12, 2003

Estão pendurados ao sol, sentados no carro em enredos do trânsito, sentados em dísticos no café de vidro, à espera nas escadas, a somar escadas. De mãos na boca. À espera. Que qualquer coisa apareça, desapareça, que qualquer coisa mude de rosto para poder falar.
O tempo mudou. O sol é um filtro de chá. Não vai haver chuva.
(Falemos do tempo para encher o ar)
O tempo mudou.
Por um instante tomada, por um instante com vontade de deixar as palavras à solta. Mãos na boca. Para que não fales.
Deixa ser tempo.

segunda-feira, dezembro 08, 2003

" O cheiro do pão quente e do suor "fresco" são dos mais excitantes para 40 por cento das mulheres" ´(in Pública)
Será que isto explica qualquer coisa,cá entre nós?(sim.. tu, tu, tu tu e tu)

sábado, dezembro 06, 2003

mais um filme que ficou por ver

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Levaste as letras contigo... ;)

quarta-feira, dezembro 03, 2003

ao almoço
Para aprender alguma coisa lavo a louça. Arregaço as mangas e deixo a água correr sobre a banca, talheres, pratos e copos. Tenho as mãos quentes a passar por arestas redondas enquanto ouço avó falar de tudo, de nada. Avó a falar com avô, a falarem comigo. Sobre tudo, sobre nada. Alunos em capa negra protestam na televisão.
Avô: "No meu tempo, andava eu em Coimbra como polícia a vigiar as ruas, eles já eram malandros..."
Olho-o enquanto estendo um prato para que ele, pano turco na mão, o seque.
"Em Coimbra...?"
"Sim... Lembro-me de passar no metro e topar uns ao longe, na praça. Estavam a jogar à bola! Eu desci do metro e toca a ir a trás deles..."
"Mas porquê? Não podiam jogar à bola?" Minha mão queima na água, absorta.
"Oh rapariga! Na via pública? Jogar à bola era considerado desacato, um desrespeito à postura!"
"E..."
"E tinha de os autuar! oitenta e quinhentos cada um.. Mas eles fugiram!ziiiiiim Pernas para que te quero!"
Rio com os gestos encenados pelo avô. Avó está calada, fingindo indiferença, com mãos sobre barriga, a pensar no que deve dizer para contrariar. Como sempre. Por tudo, por nada.
Esponja amarela e verde a esfregar mais um prato. Desengordura. Lava espuma. O prato luz e água. Mãos à procura dos talheres em mais água.
"E apanhaste-os?"
"Não.. fugiram-me... Um ainda agarrei pelo braço: fiquei com a manga da camisa comigo! Fugiram-me todos mas identifiquei-os!"
Os pratos suspensos a escorrer. Eu desaperto o avental. Desço as mangas.
"Mas eles só estavam a jogar à bola..."
"Não pode ser! Jogar à bola na rua??? Não pode ser... Os malandros ainda disseram que me iam ter em atenção na queima das fitas, mas depois não fizeram nada..."
Pego nos cadernos a correr para sair para a universidade. Amanhã aprendo mais.

segunda-feira, dezembro 01, 2003

Faz tempo que eu não queria tanto.
noite
chuva
luzes muitas desfocadas na água
olhos fechados
mãos abertas
mãos fechadas
chuva
noite
escuro
uma luz só
e
o
teu
abraço.

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