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sábado, dezembro 24, 2005

"na rua do firmamento a noite caminha espalhando poemas"
(E.E. CUMMINGS)

O sol arrefece na mão fechada do mar. A água ferve e sobe nas caldeiras. Sobe e transborda nas casas.
A avó ferve na cama. Treme. Diz que passou a noite a descascar batatas para a sopa. A mão ferve fechada. Sobe à testa. Diz que se enganou no sal e que toda a gente está à espera da sopa.

(Na rua as laranjas são esmagadas pelos autocarros trauteados pelos rapazes. São flores citrinas nos paralelos. )

O sol arrefece e cai redondo nas têmporas dos edifícios. A gente são desenhos mal feitos, a esvair-se dentro das montras dos cafés. Trazem bocas e embrulhos. Corações cheios de solstícios. Tremem.
A avó diz que esta noite passou-a a temperar a sopa. De mão aberta.

sábado, dezembro 10, 2005

Mais do que a escova de dentes no lavatório, o cd no canto da mesa, o perfume na gola e manga da camisola, o livro na prateleira, o copo por lavar, mais do que isso ocupam as frases que deixas presas às coisas, inteiras e quebradas nos ângulos do corredor dos olhos, estando a casa vazia. Sendo a casa um relógio.

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