<$BlogRSDUrl$>

sábado, maio 28, 2005

os segredos partilhados assim continuam a ser segredos?

sexta-feira, maio 27, 2005

Aloe vera no sabonete líquido
Aloe vera no creme para as mãos
Aloe vera nos pensinhos diários
Aloe vera no condicionador de cabelo
Aloe vera nos desodorizantes
Aloe vera no iogurte
...





Caramba, só eu é que não sirvo para nada.

quinta-feira, maio 26, 2005

"Se rezasse, se pensasse seria para agradecer ter um corpo feito para o amor. A única verdade tornou-se aquela brandura onde mergulhara. Seu rosto era leve e impreciso, boiando entre os outros rostos opacos e seguros, como se ele ainda não pudesse adquirir apoio em qualquer expressão. Todo o seu corpo e a sua alma perdiam os limites, misturavam-se, fundiam-se num só caos, suave e amorfo, lento e de movimentos vagos como matéria simplesmente viva. Era a renovação perfeita, a criação. E a sua ligação com a terra era tão profunda e a sua certeza tão firme - de quê? de quê? - que agora podia mentir sem se entregar."

(CLARICE LISPECTOR)

Pelas palavras apanhadas como flores à flor da pele, incautamente. Pelo pensamento maior a cravar-se como unhas nela mesma.

segunda-feira, maio 23, 2005

A música é vermelha e dá-te os contornos a decibéis e declives. Alto, com lâminas de luz em contra-senso, a despovoar-te o rosto de expressões. És sílabas acesas. Gritam-me nas mãos, desaguam-me nos olhos.
"Hoje apeteceu-me dizer-te olá e não estavas lá."
Caibo-te na palma da mão, quando respondo.
"Olá"
"Agora não... Já não me apetece."

sábado, maio 21, 2005

Tu e mais alguém, amigo imaginário ou não, de pijama com ou sem carapins, estás oficialmente convocado para a minha primeiríssima guerra de almofadas.
Comparece, por volta da hora marcada pelos ponteiros depois de uma volta completa, no meu quarto, a quatro divisões de distância daqui, uma da rua aberta.

Estenderei lençóis atados da janela e ficarei à espera.

A tua amiguinha

(um sorriso cozido numa nuvem azul a rematar a folha de papel dobrada ao meio, borratada a marcador)

quarta-feira, maio 18, 2005

História roubada I

O meu pai era alto, tão alto que do seu colo avistava a casa, onde quer que estivéssemos. Vigiava os rios, as ribeiras, era isso que ele fazia. Vigiava as águas para que se não tornassem gigantes e engolissem as margens. Alto, com os olhos rentes às nuvens que enxaguam, feitas trapos, os céus de Maio. Perguntava "Queres vir comigo?" E então eu corria ao pé da minha mãe para que me desse um beijo-cereja na testa e me arregaçasse as calças. Estendia a mão ao meu pai só para passar a porta. Depois largava, largava-me em corridas precipício. Corria demasiado à frente, demasiado longe, demasiado sorrido.
Dois sóis redondos a trocar-se no céu e as rãs a saltar como soluços. Dentro de água, demasiado à frente, demasiado. O meu pai alto a contar as porções de água, a vigiar as margens, era isso que ele fazia. As minhas pernas pintadas de terra e de lodo, de verde e castanho e verde, as calças a perder as margens que pai não via. A água estreita e gelada a estremecer-me. A saltar com as rãs, a espantar a estridência do sol cadente.
10, 20 , 31, 60 quilómetros e trepava ao colo do meu pai. Alto. Para chegar a casa. Vigiava as águas, dos rios, das ribeiras, das noites também. Para que não ficassem gigantes. Era isso que ele fazia.

domingo, maio 15, 2005

Apetecia-me arrastar-te para um centro de sala a rebentar de gargalhadas e onde chovessem serpentinas e confetis mil, os mais coloridos e brilhantes impossíveis, onde a música fosse a presença mais alta e onde se comessem bolos só a partir das 3 am. Apetecia-me. Mas só mesmo para te contrariar.

segunda-feira, maio 09, 2005

A sul há fins de sol a agigantar o Tejo entre nuvens-tantas-por-contar e natas. Há noites adentro entre cenários e guiões. Há um actor com cabelo amarelo de principezinho, olhos sem perímetro, que aperta os atacadores com um laço simples. Há um poeta-músico-fotógrafo-etc-menino que telefona a horas incertas para me saber certa em abraços. Há palavras novas, tatibitates. E há os aviões em precipícios de céu. Há as escadas polidas com gatos nos dós e rés. Há um cão que me ladra às pernas nuas. Há fotos por tirar. Às sardas e à boca de morango. Ao fumo. Por enviar. Há portas para quartos cor de rosa, que se abrem como armários. Com meninas em pontas dos pés dentro. E mais um gato. Há um velho de sal em rodapé. Há uma vénia de despedida.
Até... Chá verde ou iogurte. Workshop de como esfregar os olhos sem matar o pai natal.

quarta-feira, maio 04, 2005

"...
os poemas, os fados
os fados quebrados
no fundo do mar

Lisboa no fundo do mar
..."

(QUINTETO TATI)

domingo, maio 01, 2005

Nunca tive um amigo imaginário. Cedo lhes descobria o defeito de terem mais existência que eu.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?