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quinta-feira, maio 26, 2005

"Se rezasse, se pensasse seria para agradecer ter um corpo feito para o amor. A única verdade tornou-se aquela brandura onde mergulhara. Seu rosto era leve e impreciso, boiando entre os outros rostos opacos e seguros, como se ele ainda não pudesse adquirir apoio em qualquer expressão. Todo o seu corpo e a sua alma perdiam os limites, misturavam-se, fundiam-se num só caos, suave e amorfo, lento e de movimentos vagos como matéria simplesmente viva. Era a renovação perfeita, a criação. E a sua ligação com a terra era tão profunda e a sua certeza tão firme - de quê? de quê? - que agora podia mentir sem se entregar."

(CLARICE LISPECTOR)

Pelas palavras apanhadas como flores à flor da pele, incautamente. Pelo pensamento maior a cravar-se como unhas nela mesma.

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