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sexta-feira, abril 29, 2005

Incontestável.
Nasci para trabalhar em dupla. Preciso de alguém que me acenda e me vigie a atravessar a rua.

quarta-feira, abril 27, 2005

Quanto tempo se consegue respirar fora da net?

(sinto-me a "dexistir")

domingo, abril 24, 2005

Os sábados começavam de pijama, com o barulho das frutas e animais a entrar em casa cedo.
"Onde estão as laranjas?"
A pequena rodava-lhe a saia, trocava-lhe os passos, passarinhava entre as pernas da avó em busca do saco borbulhado.
"Onde estão as laranjas?"
Desfazia um nó, assustava-se quando encontrava os seus olhos ampliados nos olhos de um coelho, desfazia outro nó, desfazia umas flores, apertava o nariz frente à prata azulada das sardinhas, desfazia outro nó...
"Onde estão as laranjas?"
Os sábados começavam com um sol espontâneo a repartir-se entre os mosaicos da cozinha e os cabelos nublados. De pijama e cheiro a frutas e animais a entrar em casa cedo.
"Não havia hoje..."
Mas ela estendia já a mão contra o tecto girando a laranja que encontrara, em busca de um umbigo.
"Essas não são as de que te falei...As outras têm filhinhos."
Pois não eram. As mais doces traziam um umbigo e duendes a viver nos gomos. Não podiam ser aquelas.
Os sábados começavam com a mãe a ralhar por causa dos pés descalços no mosaico da cozinha. Desfazia um nó do cabelo, suspirava.
"Posso ficar com o coelho para mim?"
"Não."
Olhava uma última vez o silêncio cinzento do bicho, amava-o uma última vez. Os sábados começavam com esse amor. E os pés no mosaico. E os duendes que viviam nos gomos das laranjas que nunca vira.
No sábado em que a avó lhes mostrou as laranjas mais doces, a pequena deixou-as rebolar pela mesa branca. Os duendes não se viam. Deixou-as rebolar pela mesa até alaranjarem o chão de mosaico. Não as quis provar. Desfazia o gomo do sorriso.

segunda-feira, abril 18, 2005

ao corrente

A maldição veio de uma nuvem alta. Parece que é preciso ler por ler.

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Um livro que arde? Gostaria de ser, estar e ficar no "Peter Pan", do J. M. BARRIE. Mas o livro que mais se me agarrou à pele foi "O deus das pequenas coisas" da ARUNDHATI ROY.

Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Pelos autores, tantas... :p E pelo Peter, claro. Não me chame eu nibs se isto não é verdade! :)

Qual foi o último livro que compraste?
Tantos. :)))De entre os tantos uma agradável descoberta: GONÇALO M. TAVARES. Os "senhores..." e a "poesia I" :)
Neste momento, ainda assim, lembro-me melhor daqueles que ficaram lá nas estantes, por comprar. Um deles é "A casa na escuridão" do JOSÉ LUÍS PEIXOTO. O outro vai-mo trazer uma abobrinha lá de longe: SHAKESPEARE, "sonets". :)

Qual o último livro que leste?
"O vendedor de passados" de JOSÉ EDUARDO AGUALUSA. Queria ser a Ângela Lúcia e coleccionar luz. Luz e nuvens. :)

Que livros estás a ler?
Estou a iniciar-me em CLARICE LISPECTOR, "Perto do coração selvagem".
Sob esse estão outros abertos... por adormecer.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
todos por ler, claro:
Dicionário: para poder entreter-me com palavras novas.
"Qual é a minha ou a tua língua" (poesia)
"A casa na escuridão" JOSÉ LUÍS PEIXOTO
"Se isto é um homem" PRIMO LEVI
"O delfim" JOSÉ CARDOSO PIRES
É a minha lista para os próximos tempos... Movediça.

A quem vais passar este testemunho (3 pessoas) e porquê?
Porque só as conheço de nick e através destas páginas, a "maldição literária" é relegada a kat, neve e peter. É para vos ler melhor... :p

E os vencedores são:

Vencedores de quê? Não percebo esta parte....

quinta-feira, abril 14, 2005

descobertas (II)
Existem pessoas redondamente quadradas.

terça-feira, abril 12, 2005

descobertas (I)

Existem pessoas quadradas.

domingo, abril 10, 2005

Eu estou triste. Não sou a primeira, nem a última. Não sou sequer a única. Sou eu, triste.

(dentro de paredes, não maiores do que um frasco de doce, o sol é abóbora escorrendo e colando os dedos, colando os lábios, calando)

sábado, abril 09, 2005

"Este sou eu. Apresento-me ao mundo por diapositivos sem sentido. Negativo. Desordeno-me. Acabo-me e recomeço e choro e corro e choro e a mim me minto e a ti te sinto e choro e abraço a melancolia e espero-me no teu sorriso e no teu olhar e no teu jeito; na tua boca.Este sou eu. Apresento-me assim. Dá-me a ti. Dá-me tu. E minto e choro e arranjo forças para sorrir e dizer olá. Dás-me a mim. Não me recebo e minto e choro e corro para o lado de lá onde tu não te encontras e choro e sinto que minto.Este sou eu. Represento-me por códigos dos quais só eu sei as regras. Choro e minto. Finjo o que sinto. Planeio e arquitecto o acaso. Apaixono-me pelo Amor. O Amor. Sei de ti por mim. Não te conheço! A ti e a ninguém vos vejo do mesmo ângulo: este. E este sou eu. E esse é o teu cabelo."

(HUGO TORRES)

Sozinha por , foi a flor que me apanhou.
(corações pontuais e acentuados dentro de caixas de papel, dentro- dali, dentro-daqui, dentro.)

quinta-feira, abril 07, 2005

"A beleza é aquilo que é amado. A admiração e o assombro atiram pólen às coisas. O dia seguinte só surge porque algo do dia anterior não foi compreendido."

(GONÇALO M. TAVARES)

Quando se escreve sol, amanhece.
Embriagai-vos.

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