sábado, novembro 20, 2004
tenho um público alvo
Estava eu a passar pelo banco de portugal quando dei comigo a interrogar-me: que se terá passado com aquele grupo de "jovens inconscientes" que dançavam, meses antes, dentro e fora dos carros parados, ali mesmo mas a horas certas, ao som de Muse?
Terá acabado o tempo?
sexta-feira, novembro 19, 2004
"(A respeito da poesia pode ainda dizer-se: - A lâmpada faz com que se veja a própria lâmpada. E também à volta.)"
(HERBERTO HÉLDER)
segunda-feira, novembro 15, 2004
carta que me deu a ler a
verttigem.
A olhar as notícias dou-te mais a mão.
sexta-feira, novembro 12, 2004
O que é preciso para me animar? Uma mochila feita, com roupa e escova de dentes. Um bilhete de ida e uma estação com elas à espera. É isso mesmo. O que eu preciso. Um caminho, um mar a desenhar linhas fora da janela... e uma festa de pijama.
Tínhamos que idade quando te dei uma ovelha? Uma ovelha daquelas fosforescentes que se colam nas paredes. Dei-te uma ovelha porque não te queria no escuro. Porque ta queria dar. Porque te queria. Dei-te a ovelha e um papel com algo que fazia sentido. Tínhamos que sentido quando te dei uma ovelha? Uns meses depois apareceste junto de mim com os olhos baixos a pedir-me desculpa. Ao trocar de casa, quarto e paredes havia-la perdido. Sem saberes como, a ovelha que te havia dado tinha desaparecido. Tínhamos quantos meses ainda? Depois foram semanas a perder o sentido. A perder as desculpas. A perdermo-nos no único sentido que tínhamos. Tínhamos que idade quando nos perdemos um no outro? Que sentido?
Estou a sair do banho, quando o telemóvel toca. 1:37 am.
-Sim? Que se passa?
- Olá! Aconteceu uma coisa que precisava de te contar...
-Sim...O que foi? - E as minhas ideias giravam em torno das tuas faltas de sentido. Seria o teu trabalho, ou a tua mais recente namorada, ou o novo filme que querias ver, ou o teu irmão com novidades de fora. Irias viajar?
- Adivinha o que apareceu na sala!
- O teu esquilo?
-Não! A ovelha! Lembras-te da ovelha??
-A ovelha??
- Achei que era caso para te ligar... Afinal ela está aqui...
E eu na minha falta de sentido, ainda descalça e por vestir, a olhar-te de longe. A pensar-te semanas depois, meses depois, anos depois. A pensar que é por serem estas as horas que, apesar de não te compreender, ainda insisto em ouvir-te. Embora esteja descalça e ainda por vestir. A pensar-te e no papel que fazia todo o sentido. Tínhamos, não tínhamos?
segunda-feira, novembro 08, 2004
É Natal, confirma-se. O Hugh Grant já anda pelos cartazes de cinema...
sábado, novembro 06, 2004
Uma mãe queria que o seu menino fosse vestido de anjo na procissão a Nosso Senhor. De anjo dourado. Pintaram-lhe a pele com purpurina: rosto, mãos, braços, pernas, barriga, asas. O menino não reclamou. A mãe suspirou quando o viu passar: um anjinho dourado para o Senhor. O menino não reclamou. Sentia-se enjoado por causa do sol que se lhe reflectia nos olhos, mão, braços, pernas, barriga, mas não reclamou. Sentia o chão tonto e o sol demasiado dourado. Mas não reclamou. A mãe suspirou quando o viu passar. O menino passou. Não. O anjinho passou. Brilhante e fugaz, a cheirar a purpurina. Depois caiu ao chão. Amarrotou as asas douradas. O menino não conseguia respirar. Sentiram-lhe o pulso debaixo do sol demasiado grande e quente, o coração mal ritmado por causa dos reflexos da pele. O menino dourado, a debater-se com a purpurina e a auréola. Por pouco tempo. Brilhante e fugaz. Um anjinho. Para o Senhor.
"Procuro um ser para invadir
Montanha de fluido, pacote divino.
Onde estás, meu outro pólo? dádivas sempre adiadas,
Onde estás, fluxo marinho?
Vazar em ti a violenta vaga da minha tensão intolerável!
Piratear-te"
(HENRI MICHAUX)
sexta-feira, novembro 05, 2004
thank's
jack, for showing me the way
here.:)