by MATTHIEU APPRIOU
$BlogRSDUrl$>
sobre andar em círculos
Estou enjoada do Verão e das telas de lua espalhadas pela casa. Dêem-me o Outono, para eu andar descalça pelos ocasos. Para sentir as quedas.
maçã+alt ESC
Já experimentaste colocar um espelho em frente a outro? É esse o sentimento.
"Era uma vez um menino que tinha a cabeça cheia de memórias.
o estranho caso
"Não sei como dizer-te que a minha voz te procura
Até ao 3º andar com medo de ficar presa no elevador. A água sempre a correr, a água difícil de temperar, o ruído trancado fora das janelas, o sol a pôr-se em quadro na sala da rapariga, no outro lado da rua, a hora em que a rapariga sai à janela para fumar um cigarro, a hora em que a rapariga volta para dentro e fica só o sol a pôr-se, vermelho, a água difícil de temperar, as manchas no chão da cozinha, o relógio parado nas onze, a cama por fazer, o armário sempre aberto, as fotografias, o edredon preso na janela para não deixar entrar o dia, o edredon e a estrela azul aos pés, a hora da televisão a estender-se pela sala, a água sempre a correr, a água difícil de temperar, o dia que entra apesar do edredon, a estrela caída aos pés, as portas do armário sempre abertas. Barulho a fechá-las. Alguém que acorda. Até ao rés-do-chão com vontade de ficar presa no elevador. A estação que varre coroas no chão. Que sabe de cor a hora para ir embora. Laranja. Com sede.
As sapatilhas foram à máquina.
Um céu roxo, um mar de vento. Está servida a tempestade.
Um dia imperfeito. A seguir a outro. A subir insuflado,a escorregar de olhos baços, contra os vidros. Estar no metro anódino, a olhar as horas, a consultar as sombras, a decorar os rostos - ninguém fala, ninguém discute, respira-se. Estar no metro a contar as estações, a pensar os edifícios, a abraçar os braços, a decorar os rostos. Um rosto redondo, com caixilho alaranjado. Um sorriso decifrado, colado sobre. No dia imperfeito a mulher sorri com os lábios, com o corpo na margem do banco azul, com as mãos apertadas uma na outra, com o sorriso. Apanhado no rosto como um peixe. Impertubável. Estar no metro anódino a decorar o rosto da mulher, o florido da camisa, a decorar-lhe o sorriso. A sorrir sem saber porquê.