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quarta-feira, setembro 01, 2004

Um dia imperfeito. A seguir a outro. A subir insuflado,a escorregar de olhos baços, contra os vidros. Estar no metro anódino, a olhar as horas, a consultar as sombras, a decorar os rostos - ninguém fala, ninguém discute, respira-se. Estar no metro a contar as estações, a pensar os edifícios, a abraçar os braços, a decorar os rostos. Um rosto redondo, com caixilho alaranjado. Um sorriso decifrado, colado sobre. No dia imperfeito a mulher sorri com os lábios, com o corpo na margem do banco azul, com as mãos apertadas uma na outra, com o sorriso. Apanhado no rosto como um peixe. Impertubável. Estar no metro anódino a decorar o rosto da mulher, o florido da camisa, a decorar-lhe o sorriso. A sorrir sem saber porquê.
( E a querer enviar-to)

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