segunda-feira, julho 22, 2013
O mar pelos tornozelos magros de uma menina-mulher. Treze
anos e o cabelo liso, com sintomas de vento. Esguia como um peixe vertical. Sem
brilhos, porque sem rosto. Voltada, sem regresso possível, para o mar. Sem
rosto. Com o mar a subir irrespirável dos tornozelos magros, para as coxas
magras, até à barriga sem luas. Silencioso. E azul ameixa. Como quem conta
segredos. Irrespirável. Sem rosto, a menina-mulher é só cabelo a balouçar-se e
a carregar-se de sal e estática. Consumida pelo vento e mar. Sem regresso possível.
terça-feira, junho 21, 2011
As árvores desfazem-se em sons de vidro aceso. O gato é uma sombra que se lambe a meus pés. As árvores eram dicionários do vento. Sinónimos de maldiçōes e estórias por acabar. Tocavam o céu por acabar.
(30 Abr)
Acordei com o coração a bater no vidro. Sem saber se era o homem que cheirava à rua. Se era a rua que cheirava a homem. E qual a palavra para descrever o só e acompanhado que somos hoje. "entre os prédios", como diz o meu Cesariny. Bichos.
(19 Jan)
Não interpretes mal os barulhos da água não te chegarem ao pulso. Caírem dos cabelos quando os penteias. Correrem a rua num arrastar de mala. Deglutirem-se curiosamente quando ela come uma cabeça de peixe.
(9 Janeiro)
segunda-feira, outubro 25, 2010
as músicas que tinha dentro como que secaram, como que ficaram paragens vazias, à espera. como que nunca existiram.
Estações mal sintonizadas.
Peles de pêssego rasgadas.
esferográficas azuis roubadas.
cavidades nos dentes, sem fundo. a ecoar. como que ficaram esperas cheias. como músicas crescentes, ensurdecedoras.
como estações a rebentar.
num impressionismo estático, a carecer de legendas cavas, com dentes cerrados.
sábado, outubro 02, 2010
Ele esperou nas escadas, nas rotinas sobe e desce do sol, toda a vida. Ela floria para sempre. Mãos abertas num livro com ós fechados, perfeitos.
(31 Out 2007)
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
"A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza"
(meu CESARINY)
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
O mar assaltou o prédio (janelas altas com molduras em flor) e levou o silêncio, todo o silêncio. Não me hás-de contar a história. Peixes-espada, peixes-ditongo, peixes rentes à loucura porque lhes roubaram as ideias e o silêncio-todo-o-silêncio.
Foi quando caí. "burburiante".
O mar assomou.
segunda-feira, janeiro 25, 2010