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segunda-feira, novembro 06, 2006

A previsão de fim-de-semana era de possíveis quedas de arco-íris.
Arco-íris, como fios de telefone, estendidos e enrolados pelos andares do prédio. 4am.
Ring, ring.
Caiu um. Estilhaçado e a perder as cores.
Sim?
- O meu marido está a ter pesadelos. Soldados encarnados andam pela casa.
Sim?
- Ele disse que são encarnados. Mas ele também não diz coisa com coisa. Não há nenhum na sua casa?
Não.
Chamada que cai.
Ring ring.
Ring Rung.
Rung Rung.
As escadas caem por sim mesmas abaixo. Do preto para o preto muito escuro, salpicado por cor-de-rosa interruptor.
Ring.
Pisca, pisca.
Escuro, muito escuro.
A porta que abre.
Foi um arco-íris, minha senhora. Sabe como é? É fechar os olhos e vê que passa.
- Mas ele não diz coisa com coisa, não diz cor com cor.
E os soldados?
- Diz que trocaram de farda.
Vá dormir, minha senhora. Baixe as luzes.
- Mas agora caiu a chamada. A linha, não é possível chegar a lado nenhum.
O comboio, sim. Eu vi as notícias.
E os olhos fora da touca puxam como a mão fora da camisa de dormir:
- Fique comigo.
Sim?
Escuro, muito escuro.
- Tenho medo das cores que não combinam.
Sim?
- Só até ser escuro, pouco escuro.
Pisca pisca.
Cor-de-rosa interruptor.
Cor-de-rosa interior.

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