(Londres,8Mar05)
a primeira letra da primavera é amarela.
Queria saber escrever romances à chuva. Que começassem como aulas de ballet. Acabassem no fundo do mar.
"Alindai-vos, dançai, desatai a rir.
Eu nunca poderia atirar o Amor pela janela".
(RIMBAUD)
Depois de uma forte exposição, revelado e posto a secar...
(nubes by my
CHARLI VIAN)
(19Fev06, Brg)
Olhos-de-faz-de-contas. Cravam-se, reviram-se, semicerram-se, doem contra o feedback das luzes-letreiro-branco-com-itálicos-serifados, cerram-se.
O céu escorre nas janelas e nos jornais por comprar. Desloca-se do fim do dia sem créditos para as caixas dos esgotos. Derrete as sombras e faz dos guarda-chuvas vinis riscados. Olhos-de-faz-de-contas. Cerram-se, reviram-se, cosem-se, imaginam. Ser primavera e ser sol. Ser um sol gárgula. Ser amarelo o dia, gemado. Imaginam, cremam-se nesse sol. Sorriem. Depois caem e rasgam-se num sopro. "Oh, menina... Não precisa de estar à chuva. A minha sombrinha chega para as duas!" Sorriem.
"O que eu quero é ser como o sol, que, segundo consta, nunca arrefeceu."
(MANUEL CINTRA)