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quarta-feira, novembro 02, 2005

Não é do céu. Está térreo e gárgula, mas mais meu. Não é da temperatura. Está cheia de comichões, talhada pelo tão-silêncio, mas agrada. Não é do cabelo nem dos olhos a trocar de cores. Não é do barulho das chaves a abrir a porta. Acorda-me, mas reconheço. Não é dos nomes atrás dos nomes atrás dos nomes atrás de um. O meu já lá está. Como o quarto. O aqueduto e a vista para. Não é da almofada. Tenho-a repartida. Não é do zumbido nos olhos sempre que os fecho. As horas mudaram, sabe? A luz torna-se cara. Acordo cedo para ir para a fila. Somos tantos. Não é da música. Da roupa por arrumar dentro do armário. Do choro da gata. Da mão estendida debaixo da barba debaixo dos olhos baixos à porta. Não é da igreja que ressoa. As horas, os minutos mudaram, sente?
"O seu coração bate rápido demais, sinto."
Talvez seja pelo amor a acabar as frases. As vírgulas, os tempos, os segundos mudaram, digo-lhe.

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