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terça-feira, outubro 18, 2005

As mãos tremem como os pés como o queixo como as pernas como os olhos como a boina como as palavras.
Tremem como os passos a aproximar-se. Como os óculos amarelecidos. Como a boca cheia de espaçamentos. Como a idade. A aproximar-se.
"A menina está bem?"
Sou um acenar.
"Está doente?"
Sou dois acenares. Um olhar de interrogação.
"A menina tem fome?"
Sou um olhar e uma sobrancelha erguida.
"Está tão amarela!"

segunda-feira, outubro 17, 2005

Sabia do Outono pelas malhas do céu indeciso nos amarelos. Sabia-o pelas montras de vidros anti-reflexo, vestidas como palhaços tristes. Sabia-o pelo abrir de boca em O, nas composições de escola. Sabia-o pela ausência de folhas nas árvores escaldadas, pela crescente ausência de roupas nas cordas.
Agora sei-o pelas malas por fazer. Pelas malas para fugir.
Pela crescente ausência.

(Boa viagem e aventura, criaturas. Transbordem. :))

quinta-feira, outubro 06, 2005

(A SEMÂNTICA "em jeito de parangonas"*)

romblo - losango
anáguas - saia branca sob combinação
bilros - fuso
élitro - primeiras asas
precórdio - diante do coração
sulfamida - anti-séptico*

As palavras fazem-me cócegas debaixo da língua, como... gastrópedes, como...
umbelíferas.*

Tenho primeiras asas a fiar-me losangos diante do coração, como saias sob combinações.
Tenho velas estendidas à janela a fingirem-se de lençóis. Tenho as janelas sulfamidas, como
zonas de rebentação.


Tenho a boca cheia de beijos, sabes...

(*ver bidé, umbelífera e BORIS VIAN.)

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