"azul!"
"preto!"
"azul!"
"preto!Ohhhhh..."
(Os olhos esticam-se para mim, fazem-me grande, começada assim em "ó".)
"ohhhhhhh... é preto ou azul??"
"É azul... escuro, mas é azul!"
(Uma voz redemeoinha, entra no umbigo. Uma outra solta uma gargalhada, como um carrocel iluminado)
"Eu não disse?"
"É preto..."
"Não... azul escuro... daltónico!"
(E prendo-lhe a atenção que já fugia do meu colo. Ato-a bem junto aos meus lábios.)
"ahhh??? Quê?"
"Dal-tó-ni-co!"
(A explicação é dada, a palavra ensaiada e medida com todos os risos e dedos na boca, entre rodopios pela sala)
Uma palavra nova.
Agora sempre que passo a porta ao domingo não os ouço chamar-me de baleia, nem de borboleta, nem de tartaruga. Correm e desventram-me numa só palavra. Decorada.
"Dal-tó-ni-cooooo!"
(Faço-me pequena, acabada assim em "ó".)