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quarta-feira, dezembro 01, 2004

A casa está minguante. Há colheres no lava-louça. Há sons in-extintos-in-quebráveis-in-vertidos nelas. Vertidos. Inconcebíveis. Eu falo. Mas falo. Se me perguntarem dos amanhãs eu digo que me esqueci. Que foram para lavar no bolso de trás das calças. Digo que não estava bem neles. A tremer. Digo que estava com os olhos vermelhos. De tanto desfocar. Se me perguntarem.
A mão abre-se, fecha-se e volta a abrir-se. Quantas são as noites que se seguem às noites? Eu falo. Mas. Estou invertida nas distâncias. Inquebráveis. Estou medida a colheres. Eu falo. Mas. A voz não é minha. Sons a verter-se contra a minha longitude. A água a cair e a quebrar-se no lava-louça.
"Tu és de todos os ausentes o ausente" (SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN)
Quantos são? A mão abre-se, fecha-se e volta a abrir-se. Desce aberta. Lua nova.

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