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terça-feira, outubro 26, 2004

Eram dez filhos e todos se reuniam aos domingos em casa da mãe para comer a sopa. Sopa branca, sopa de carne, sopa de feijão. Todos os domingos. Cresceram, ganharam filhos e todos continuaram a ir comer a sopa a casa da mãe. Filhos e netos em volta da mesa demasiado pequena, à porta da casa a rebentar pelas janelas, a comer a sopa. Sopa de cenoura, sopa de pedra, sopa de nabiças. Todos os domingos. Um dia a mãe endoideceu. Esqueceu-se de como cozinhar sopa. Mas insistia em fazê-la. Fingia. E, todos os domingos, filhos e netos reuniam-se em casa da mãe-avó para comer a sopa. Sopa fingida, sopa faz-de-conta, sopa cala-te-e-come. Levavam a colher à boca e sorriam e diziam que estava boa de sal. Todos os domingos davam as mãos por debaixo da mesa demasiado pequena e sorriam e diziam que estava boa.

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