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quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Nada foi com a intensidade certa.
A manhã é um declive por onde descem os sons últimos. Apegados como ideias. Apagados. É já manhã. Corro.
“Corres como se o mundo fosse acabar!”, mãe esboça-se muito ao fundo da mesa redonda. Corro, com a resposta.
“O mundo não acaba, mas as pessoas vão-se embora”.
Não me entendeu.
“Chega a horas para comer!”
Corro. Levo os dedos aos olhos para os contar.
Nada com a intensidade certa. Agarram-me os pulsos, desengonçam-me os olhos. Dedos e mãos que trepam pelos ombros. Que desfazem expressões minhas como as de almofadas. Voltaremos a ver-nos, mas eu sei que não. As casas vão-se embora com as pessoas dentro. Trancadas e sem chave , vivas. Entre caixas e cotão.
Seriam horas para comer, mas eu já me esqueci. A mãe espera-me em casa, ao fundo a mesa redonda, muito ao fundo. Com expressão de tempestade.

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