Os meus olhos trapézio.
A conversa a girar: esquerda, direita, esquerda, caída sobre a mesa. Estás à minha esquerda.
Chamas-te como?
Os meus olhos desequilíbrio. Abertos, pestanejar, abertos contigo dentro.
Como é que te chamavas?
As árvores perdem a altura lá fora. Na mesma poeira branca que consome os tectos das casas que cresceram demais.
Que idade tens?
Nos meses que nos rondámos não trazias essa realidade a impregnar-te os ossos. Saías para o frio e era como se nada te vestisse. Agora tens novidades que me fazem tonta. Espera.
Espera.
Espera.
Esqueci-me... Tinhas que idade?
Espera.
Estás à minha esquerda e os teus braços são conhecidos. Mas a música parte deles com cor diferente. Com sílabas diferentes.
“Vá. Tu conheces-me.”
Sim. Espera.
As árvores lá fora destilam na luz. Como gargantas sem voz.
Espera. Os meus olhos trapézio.
Chamas-te...
Espera.
Há uma extensão de ti que traz nome. Não a conhecia. Parte de ti que eu não conhecia.
Idade e nome. Daí que precise de mesa e de que te demores nos meus olhos trapézio. Desequilíbrio.
Só porque me disseste que não morres. Que vais nascer em Maio.