Uma hora fora do horário comum. Qualquer coisa de incomum misturada no chá de cidreira. Tens os braços pousados sobre a mesa branca, o rosto pousado sobre os braços e o cabelo pousado sobre os olhos. Decorei-te.
Tantas vezes ouvi gente falar atrás no autocarro e tentei colar-lhes uma cara, conciliar-lhes um génio e trejeitos através dos mapas do discurso, da voz. A janela ao lado a passear com lábios, narizes e olhares desmontados. E meios sorrisos ou meias zangas sobre a roupa por fazer. O autocarro batia na paragem final e as pessoas saíam da imaginação com corpos e gestos trocados.
Esta hora, porém, é incomum. Fora do sono. Tens os braços pousados sobre a mesa branca e o teu cabelo é escuro. Pousado sobre o rosto. Decorei-te. Com voz também. Mas já te conhecia de alguns mapas. Não havia o chá de cidreira nem o branco da mesa, nem os óculos que tiraste. Mas já te conhecia. Não conhecia era este incomum misturado.