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segunda-feira, agosto 25, 2003

depois de Liftoff
A primeira coisa era o palco. Estava vazio.
A segunda coisa era o Sílvio. Abandonado nos cadernos. A olhar. Eu a olhá-lo de costas.
A naufragá-las a tarde distensa pela relva encerada, com brilhos soltos, com acordes de jazz.
(O sol já sem artérias deforma as sombras)
Se eu soubesse escrevia como tu. E escrevia isto.
Enquadramento primeiro: Aquelas duas raparigas que dançam risos, descalças, nos braços uma da outra.
Enquadramento segundo: Aquele rapaz em tronco nú que grita um ponto de encontro voltado para nós.
Grande plano dos quatro olhos fechados daqueles dois que dormem alheios às horas.
E voltamos novamente aos rodopios daquelas duas raparigas que dançam risos, descalças, nos braços uma da outra.
(As sombras escorridas sobre o verde a imaginar que o tempo não tem pés nem cabeça)
Enquadramento da solução em mim daquele beijo dado pelos dois além. É o quinto.
Enquadramento sexto da rapariga deitada que se debate de mãos agarradas por um, dois amigos. E ri alto. Perdemos-lhe a cabeça no movimento.
E aquelas duas raparigas que dançam risos, descalças, nos braços uma da outra. A mais alta usa uns óculos de vidros grandes e castanhos. A pequena é castanha e tem cabelo em muitas tranças.
Risos, música de "Tom Waits, disseste?"... A relva a ficar fria da noite que desce. O sol deglutido.
Plano geral, travelling: o rio debaixo das árvores, as toalhas espalhadas, os corpos espalhados (alguns que se levantam já), ritmos e ideias suspensas.
Aquelas duas raparigas que dançam risos, descalças, nos braços uma da outra.
Se eu soubesse escrever como tu...
Plano nosso. O nono. "Não gostas do número Sílvio?"
A cena fecha connosco no nove.

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