<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, novembro 22, 2005

"Claro que se tem medo que alguém nos entre pelos olhos.
Mas podes arder. Para a tua temperatura sou mercúrio, li-
nhas de mão, lábio e sopro. Atravesso-te porque me atra-
vessas e onde somos corsários rendemo-nos ao encanto da
devolução.

Tu e eu à porta de um lugar que vai fechar tudo numa árvore.
Aqui onde os minutos são a rua em que nos sentamos toda
a tarde à espera do silêncio, onde o teu corpo pesa a me-
dida exacta do meu desejo.

Sou um animal. Necessito diariamente da transfusão de uma
enorme quantidade de calor. Tocas-me?"

(VASCO GATO)

sábado, novembro 12, 2005



um homem.
isto é
(o cisco nos olhos, o joelho na pedra, a palavra horizontal)
deus.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Não é do céu. Está térreo e gárgula, mas mais meu. Não é da temperatura. Está cheia de comichões, talhada pelo tão-silêncio, mas agrada. Não é do cabelo nem dos olhos a trocar de cores. Não é do barulho das chaves a abrir a porta. Acorda-me, mas reconheço. Não é dos nomes atrás dos nomes atrás dos nomes atrás de um. O meu já lá está. Como o quarto. O aqueduto e a vista para. Não é da almofada. Tenho-a repartida. Não é do zumbido nos olhos sempre que os fecho. As horas mudaram, sabe? A luz torna-se cara. Acordo cedo para ir para a fila. Somos tantos. Não é da música. Da roupa por arrumar dentro do armário. Do choro da gata. Da mão estendida debaixo da barba debaixo dos olhos baixos à porta. Não é da igreja que ressoa. As horas, os minutos mudaram, sente?
"O seu coração bate rápido demais, sinto."
Talvez seja pelo amor a acabar as frases. As vírgulas, os tempos, os segundos mudaram, digo-lhe.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?