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quinta-feira, fevereiro 24, 2005

(Atrás de todos os livros sob os livros sobre as prateleiras, uma caixa de fósforos.
Eu vi.)

Quando escrevo tenho a certeza dos meus limites. Creio ter a mesma altura que tu. Posso explodir-te nos olhos, arrancar-te uma sílaba, vigiar-te de perto. Posso inventar-te um mar aos pés. Um 9º andar sem rés-do-chão. Ou só uma desculpa. Ou uma mão em sólo a desenhar o joelho. Todos os verbos sob anáguas. Posso ter um circo só com as pipocas e os trapézios. E um palhaço mudo. Posso mergulhar a lua nova 5 minutos, para fazer chá. E acender todos os corredores, de todas as bibliotecas, de todas as infâncias.
Quando escreves tenho a certeza dos meus limites. Tenho a certeza de me teres dentro dos teus limites. E só posso fazê-los arder. Assim. Agora.

amo-te


"My plan My fall My plan is my fault All my thoughts have started to wear off Just because You said so " (CALLA)

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Depois de 24 mins de rua e bátegas de chuva chego ao centro de emprego. 10:08 am. Dispo o casaco, tiro o ticket, aguardo. Em 3 minutos a senhora com olhos opiáceos, atende-me. Olha-me a arrastar as calças molhadas, a sacudir o cabelo.
"Chegou atrasada" comenta, enquanto mira o ticket.
"Sim... Vim a pé do centro, onde moro." Expliquei, ainda surpreendida por não me terem feito esperar os habituais 90mins.
"Pois... E porque se atrasou?"
Já me sentara e colocava a mochila aos pés, com os TPC de russo que julgara conseguir fazer no tempo de espera.
"Por causa da chuva, talvez... Como vim a pé..."
"Pois... Então escreva aí o motivo." Estica o corpo redondo para me entregar uma esferográfica. "E assine em baixo"
Hesito, fito o papel, hesito de novo.
"E passe noutra altura..."
Hesito, levanto a esferográfica do meu nome já meio escrito. Fito-a atónita nos olhos apagados.
"Não vai entrar agora na reunião que começou às 10h. Não vão dizer tudo de novo por sua causa."
(...)
Casaco vestido. O caminho é o mesmo de volta. 24 minutos de rua com vagas de chuva.


(pinhole, experiência I)

A primeira mensagem cai no quarto como uma estrela acesa. "Cai neve como nunca vi".
É cedo, os olhos ainda não reconhecem as texturas da luz. Estão fechados dentro do quarto por abrir.
As mensagens caem como neve "como nunca vi." Tanta. Acesas.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Portugal como notícia.
(como era mesmo... "bad news is good news")

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Eu era um capuchinho vermelho reincidente, nos carnavais de que me lembro. Acho que isso há-de ter repercussões para o resto da minha vida.
("Oh mãe... porque não me deixas vestir antes de pirata?")

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Um pé atrás do outro. Outro atrás do outro.
Estou vazio de contos.
Outro atrás do outro.
Um bolso rebuscado. A cidade vista pelo canto do olho. Obituária.
Um banco vazio e um sol maduro por anunciar.
Um dia atrás do outro. Em queda.
Outro atrás do outro.
Electricidade estática contra o corpo em contraluz. Contra o que fui. Contador.

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