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sexta-feira, dezembro 31, 2004

Varreram as ruas da lama, dos cadáveres, dos nomes. Acenderam velas. Agora a onda é um pesadelo que passa no ecra, com raízes brancas e instáveis. Passa no ecran com o seu vestido irado e sem pés. Repete-se. Dança. Mar que transborda. Cobre-nos os clichés azuis. Dança. Mar que soluça. Varreram as ruas do mar, dos rostos fechados, do pesadelo. Ficou o sal. A que vos sabe esta meia-noite? 125miligramas. 3, 2, 1
Serpentinas por favor.

quarta-feira, dezembro 29, 2004

"Queres comer o meu coração, Hamlet?"
(HEINER MÜLLER)

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Estar sozinha ainda é a única maneira de estar inteira.
Estou, por isso, inteira contra todos os poetas de cabelos de violino e dedos sulcados por prantos de tinta e sal.
Faz sol, os pássaros são sombras abertas nas ruas e a única coisa que vejo são as reduções da MNG.



(era a única maneira que eu tinha de pôr isto aqui)

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Enquanto houver uma praça e uma estação, enquanto houver uma cidade com palácios vesgos pela chuva, uma tília em labaredas, enquanto houver um cartaz que nos denuncie, eu sei que te encontrarei.
(os olhos fugidos no vão das didascálias.
os aplausos)

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Porque é que me agarras com mãos frias e te zangas se reajo?

Caro doutor, o problema é o seguinte: Tenho webcam e sistema wireless em casa. Ou seja, agora teclo com mana que está no quarto e consigo ver o meu pai, que está no computador ao lado. Quando me avisaram de que tal não era normal numa família eu respondi: "hmmm.. vou escrever post sobre isso!".

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Excelentíssimo/a senhor(a) para aqui.
Caro/a para ali.
Patati patatá.
Com os melhores cumprimentos blábláblá.
Saudações etc e tal.

Nunca me senti tanto em palco como agora. Esta roupa toda está a dar-me comichão.

Atenciosamente
Rita Cunha (parece que sou eu, assim vista em contrapicado)

sábado, dezembro 11, 2004

Se o teu sorriso está tão descoberto que fazer senão sorrir-lhe de volta? E ficar, patética, pendurada em metade daquele rosto só porque tem o teu sorriso. E sorrir-lhe de volta como se fosses hoje existir. Patética. E se me perguntarem porquê, eu digo "shhhhhhh!!"
"A teoria e simples: cortada pela linha do horizonte, a obra ganha um novo significado."
"Ahhhhh!!" - a plateia aquiesce e lança bocejos.
Corta.
Quero essa metade do rosto só para poder sorrir-lhe e volta e de volta. E enrolar-me nele como se fosse o remate de uma camisola quente de Inverno.

quinta-feira, dezembro 09, 2004

"Estou presa no intervalo do filme e isso n é nada interessante..."
Foi uma amiga quem o disse, mas o estado é igual.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Como é que se diz a um copy que devia ter mais cuidado com as palavras?

quarta-feira, dezembro 01, 2004

receita recente

Depois de uns dias de céus coados, atravessa-se uma planície de sal e vira-se à direita, para os lados azuís do mar. Separam-se as claras. Deixam-se ficar as estrelas. Bate-se com a areia e lança-se ao vento. Temos um campo de girassóis Bem-vinda a bordo, v tresmalhada. ;)

A casa está minguante. Há colheres no lava-louça. Há sons in-extintos-in-quebráveis-in-vertidos nelas. Vertidos. Inconcebíveis. Eu falo. Mas falo. Se me perguntarem dos amanhãs eu digo que me esqueci. Que foram para lavar no bolso de trás das calças. Digo que não estava bem neles. A tremer. Digo que estava com os olhos vermelhos. De tanto desfocar. Se me perguntarem.
A mão abre-se, fecha-se e volta a abrir-se. Quantas são as noites que se seguem às noites? Eu falo. Mas. Estou invertida nas distâncias. Inquebráveis. Estou medida a colheres. Eu falo. Mas. A voz não é minha. Sons a verter-se contra a minha longitude. A água a cair e a quebrar-se no lava-louça.
"Tu és de todos os ausentes o ausente" (SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN)
Quantos são? A mão abre-se, fecha-se e volta a abrir-se. Desce aberta. Lua nova.

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