<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, novembro 28, 2003

fim perfeito de uma noite que nunca acaba
Pão e bolos
aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

quarta-feira, novembro 26, 2003

A segunda noite
A primeira noite foi no shopping. As paredes brancas encheram-se de sombras petróleo em corrida. A perseguir-me. Eram muitas e estavam armadas. Eu fugia de olhos rasgados. Soavam disparos e corpos em todos os corredores. Havia sangue. Eu fugia. Subia escadas e descia poços de elevador. Tudo dentro de quadros brancos com acentuações vermelhas. Eu fugi e acordei. Quarto rasgado pelo medo.
Hoje foi um acidente no início da minha rua sem saída. Havia ambulâncias e carros em migalhas. Vidros estilhaçados e gente contornada a sangue a errar no meu caminho até casa. A balbuciar coisas ininteligíveis. Eu fugi. De olhos fechados. Quando entrava no prédio cruzei-me com um pequeno. Disse "Olá" e... "Ah! Olha...". No momento em que me virava para lhe pedir que não seguisse o caminho da gente morta, encheu-se de fogo a porta de entrada. Fugi com ele para a rua que agora era jaula com barras laranja, insídias. Incontáveis os gritos. E o miúdo a querer fugir-me com a T-shirt acesa. Eu a persegui-lo, de olhos ardidos.
A passagem fez-se para uma casa imensa e verde louça. Com cicuta pelos cantos. Ofereceram-me uma faca. E depois caí ao chão porque havia lâminas a voar. Sabores doces a serem cozinhados ao longe e olhos fora da expressão a balançarem-se sobre mim. Eu rastejava em soluços a tentar fugir. De olhos abertos. Consegui. Porque eram horas de acordar.

Estou há horas a tentar deslindar-me...

domingo, novembro 23, 2003

Continuo a achar que é um gato

sábado, novembro 22, 2003

De repente apaga-se a luz e as pessoas esvaem-se. Sem passos. Como uma renúncia.
Tudo silêncio.
Esvaem-se as pessoas e estão todas, de repente, a chocar em turbilhão dentro dos meus tímpanos, cabeça e peito.
(A noite vestiu-se de água em carrocéis. Havia folhas e sombras a derreter na chuva)
Não as percebo. Estão a discutir num sem sentido. Não sei que me querem, não sei se me querem. Passam dentro como se eu estivesse ausente.

quarta-feira, novembro 19, 2003

(silêncio que pode ser embaraçoso)
Que dizer?

Descalço e com farinha. Com farinha a desenhar os azulejos azuis, como sempre. Descalço, como sempre. Eram 5 da manhã mas ainda havia gente para quem eram 5 da noite. Oito apareceram por cá. Um deles bateu à porta (o de sapatilhas às tiras laranja que conhecíamos de outras ocasiões):
"Já há bolos?"
E entraram. Entraram e olharam. Eram oito, entre eles seis raparigas. Seis, com doze olhos. E eu descalço, de branco e cheio de farinha. Olhei muito mas acho não me viram. Para eles era muito tarde já para reparar em coisa alguma: 5 da noite. Os olhos embaciam-se de sono sem querer. Olhei e vi que pediram todos bolos. Arrastavam risos e a farinha com os pés nos azulejos azuis. Deviam ter acabado de sair de um bar qualquer, traziam tabaco nos cabelos e álcool implícito. Olhei sem me olharem e vi o que pediram :um bolo de chila, uma tarte de maçã, mexicanos e um estaladinho que nunca foi bem um estaladinho porque tem recheio (também se poderia chamar croissant não fosse o côco).
Pediram, disseram "obrigado" e "bom dia" e saíram pela porta. Os pés arrastando risos misturados com a farinha, misturados com o azul escuro que fazia lá fora.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Uma hora fora do horário comum. Qualquer coisa de incomum misturada no chá de cidreira. Tens os braços pousados sobre a mesa branca, o rosto pousado sobre os braços e o cabelo pousado sobre os olhos. Decorei-te.
Tantas vezes ouvi gente falar atrás no autocarro e tentei colar-lhes uma cara, conciliar-lhes um génio e trejeitos através dos mapas do discurso, da voz. A janela ao lado a passear com lábios, narizes e olhares desmontados. E meios sorrisos ou meias zangas sobre a roupa por fazer. O autocarro batia na paragem final e as pessoas saíam da imaginação com corpos e gestos trocados.
Esta hora, porém, é incomum. Fora do sono. Tens os braços pousados sobre a mesa branca e o teu cabelo é escuro. Pousado sobre o rosto. Decorei-te. Com voz também. Mas já te conhecia de alguns mapas. Não havia o chá de cidreira nem o branco da mesa, nem os óculos que tiraste. Mas já te conhecia. Não conhecia era este incomum misturado.

sábado, novembro 15, 2003

Este blog tem a mania de pôr na minha boca coisas que eu não disse...

segunda-feira, novembro 10, 2003

dicionário corpos danone
"prazer sem culpa", da conjugação do iogurte. Diz-se de algo que foi "demasiado" bom.
como em:
"Foi um prazer!"
"Estás perdoado"

quinta-feira, novembro 06, 2003

Em dias como este, com o sol em queda, apetece despir, vestir, despir com outra cor; apetece mudar de cor; apetece acordar mas ficar só mais um pouco a olhar o dia girar nos dedos e pés dos outros; apetece fazer perguntas, mas demorá-las sem prazo nos olhos, apetece inventar caminhos e palavras, justificá-las com um "porque sim", ou não.. Apetece cortar os pulsos e encher as ruas. Apetece...

domingo, novembro 02, 2003

CENA 1
Nibs numa papelaria, à espera. Olha postais (daqueles com corações e ursinhos corados) a adivinhar-lhes conteúdo.
"Só tu me deixas..." Triste!?
"Quando sonho contigo..." Acordo a chorar!!
"Estar contigo é.." Uma tortura...?
Nibs abandona os postais na prateleira. Não vai comprar nenhum.
Nenhum acertou nas palavras.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?